terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A Atuação Fonoaudiológica na UTI de Emergências Clínicas

A avaliação fonoaudiológica em unidade de terapia intensiva (UTI) tem como objetivo avaliar os pacientes com suspeita de disfagia orofaríngea.

Tais pacientes apresentam em seu histórico o acidente vascular cerebral (AVC), a intubação orotraqueal (IOT) prolongada e a traqueostomia como os principais fatores de risco.

A intubação orotraqueal frequentemente ocasiona alteração do reflexo da deglutição.

É possível a ocorrência de uma lesão laríngea após IOT em decorrência da colocação traumática do tubo orotraqueal, da necessidade de ventilação mecânica prolongada (por mais de 48 horas), da agitação do paciente causando atrito do tubo contra a mucosa laríngea ou pela mera presença do tubo.

A traqueostomia é indicada após período prolongado de ventilação mecânica ou falha na extubação.

Tal procedimento, muitas vezes ocasiona a disfagia tendo como sintomas:

Diminuição da sensibilidade faríngea e laríngea;

Redução da elevação e anteriorização laríngea;

Diminuição da pressão subglótica;

Compressão do esôfago pelo cuff;

Redução do reflexo de deglutição;

Redução do reflexo de tosse;

Atrofia da musculatura laríngea e incoordenação e redução do tempo de fechamento glótico.

A avaliação fonoaudiológica visa identificar possíveis alterações funcionais nas fases oral e faríngea da deglutição.

A deglutição do paciente é avaliada através de testes como o teste da água, a oximetria de pulso e principalmente a ausculta cervical.

A partir destes testes, pode-se traçar o perfil funcional da deglutição e alimentação.

Com isto, classifica-se o distúrbio quanto à gravidade, necessidade de supervisão e possibilidade de ingestão oral.

A intervenção fonoaudiológica em UTI contribui:

- Na decanulação de traqueostomizados;

- Estudo das possibilidades de alimentação por via oral;

- Averiguação do método mais adequado de alimentação por via oral;

- Selecão das consistências da dieta;

- Especificação dos riscos e precauções durante a alimentação;

- Determinação dos pacientes a serem submetidos à intervenção terapêutica;

- Utilização de técnicas e manobras terapêuticas;

- Discução dos casos junto à equipe;

- Orientações à equipe e cuidadores.

Geralmente a atuação fonoaudiológica em UTI restringe-se aos casos encaminhados pela equipe médica.

Outros profissionais como enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas também podem colaborar com a detecção do transtorno da deglutição, podendo encaminhar os pacientes com suspeita de disfagia mais precocemente, ajudando a reduzir a incidência de broncoaspiração.

A importância da atuação fonoaudiológica em UTI é evidente.

Estudos comprovam a grande incidência da disfagia neste ambiente.

Padovani & Andrade (2007) realizaram um estudo onde constataram que cerca de 64% dos pacientes de UTI apresentam disfagia.

Já segundo El Solh et al (2003), esta incidência pode chegar até 83% dos casos de intubação prolongada.

Comprova-se assim, o alto risco de aspiração pelos pacientes internados em unidade de terapia intensiva.

O tratamento da disfagia mais grave implica no aumento e diversificação de técnicas, o que envolve maior disponibilização de tempo para treinamento e aprendizagem do processo terapêutico.

Ainda segundo Padovani & Andrade (2007), cerca de 39% dos pacientes necessitam dar continuidade ao tratamento miofuncional oral após a saída da UTI.

Isto mostra que a atuação fonoaudiológica na reabilitação das disfagias não restringe-se ao ambiente de UTI, sendo necessário expandir este trabalho para as enfermarias, e em alguns casos, ambulatórios.

Fonte:http://sabrinaleaofono.blogspot.com.br/

Imagem:Net

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