quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CÁRIE DENTÁRIA



1- Introdução

A cárie dentária é a doença mais comum em crianças da região das Américas, constituindo um aspecto crítico das condições gerais de saúde devido ao seu peso na carga de doenças, e ao seu impacto na qualidade de vida por ser causa de dor e sofrimento1.
Além disso, os altos custos de tratamento e a possibilidade de utilização de medidas preventivas efetivas contribuem para ela ser considerado um importante problema de saúde pública.

A cárie dentária é uma doença crônica resultante da dissolução mineral dos tecidos dentários proveniente da produção de ácidos produzidos por bactérias quando estas metabolizam carboidratos, em especial a sacarose, oriundos da dieta.
Apesar da etiologia da cárie ser bem conhecida, muitos aspectos relativos ao papel dos fatores sociais e biológicos nos primeiros anos de vida continuam obscuros.

Alguns pesquisadores têm identificado a influência de fenômenos que ocorrem no período perinatal e da primeira infância na determinação de cárie anos mais tarde, como baixo peso ao nascer, doenças e sintomas apresentados nos primeiros anos e déficit na relação entre altura e idade no primeiro ano de vida, indicador síntese do estado nutricional infantil.

No início da década de 90, foram propostos modelos etiológicos baseados na hipótese de associação entre condições e doenças infantis com a ocorrência de doenças futuras, inclusive em adultos.

A tese central desta proposição é a de que a nutrição e o ambiente durante o período fetal e infantil, assim como a exposição a infecções durante a infância, gerariam o aparecimento de doenças muitos anos mais tarde, sendo este processo denominado por Barker de “programação biológica”.

Dentre as possíveis relações existentes destacam-se aquelas entre os problemas nutricionais e ambientais ocorridos durante a vida intra-uterina e a infância, e as doenças coronarianas, diabetes, hipertensão e aumento das taxas de colesterol na vida adulta.

Sem deixar de lado a importância da influência dos primórdios da vida em relação do curso da vida, exposições prejudiciais à saúde são acumuladas através de fatores relativos ao desenvolvimento infantil, como baixo peso ao nascer, episódios de doenças e condições sociais, ambientais e comportamentais adversas.

Se estes insultos são numerosos ao longo do curso da vida, o risco de adquirir doenças crônicas aumenta.

Estes processos freqüentemente interagem uns com os outros. São eles:
• efeito latente da exposição ambiental no início da vida na saúde anos mais tarde, por exemplo, quando se apresenta uma desvantagem biológica específica ocorrida em um período muito sensível no início da infância, como nascer com baixo peso ou apresentar retardo no desenvolvimento;

• efeitos cumulativos ao longo do tempo, dependendo da sua intensidade e duração, podem afetar a saúde anos mais tarde; e

• uma trajetória de complexa interação entre indivíduo e ambiente influenciando o curso da vida.

Como muitos fatores de risco são comuns,tanto para doenças sistêmicas crônicas quanto para doenças bucais, é razoável supor que teorias explicativas propostas para as doenças crônicas possam ser aplicadas à saúde bucal.

Desta forma, seria possível elucidar quais e quando os fatores de risco ocorrem, indicando o tempo mais apropriado para a adoção de medidas preventivas e assistenciais.

2- Conceito:

A cárie dentária nada mais é do que a deterioração do dente, a causa pode ter diversas origens dependendo do indivíduo, podendo ser desde alimentação, higiene bucal, falta de flúor na água e no creme dental, até casos de predisposição hereditária.

2.2- Tipos:

Cáries são mais comuns em crianças, mas os adultos também estão sujeitos a elas.

Cárie Coronária:

– o tipo mais comum que ocorre tanto em criança como em adultos, estão localizadas geralmente na superfície do dente ou entre eles.

Cárie Radicular:

– conforme envelhecemos as nossas gengivas se retraem, deixando partes da raiz do dente expostas e não existe esmalte cobrindo essa área ficando expostas e cariando facilmente.

Cáries reincidentes :

– ao redor das restaurações e coroas é muito mais fácil acumular placas bacterianas, conseqüentemente surgir cáries nesse local.

Cáries em adultos surgem especialmente naqueles que sofrem de xerostomia (boca seca), doença causada pela falta de saliva.

A xerostomia pode ser decorrente de doenças como diabetes, doença de Hodgkins, mal de Parkinsons, HIV/AIDS e síndrome de Sjögren, de medicamentos, da radioterapia e da quimioterapia, podendo ser temporária (dias ou meses) ou permanente, dependendo de suas causas.

3- Causas:

A cárie é um problema sério, que se não for tratada pode destruir os dentes e matar os nervos no centro dos dentes que são muito delicados, resultando em um abscesso, uma área de infecção na ponta da raiz.

Esse abscesso é tratado somente através do tratamento do canal, de cirurgia ou da extração do dente infectado.

Patógenos da Cárie Dentária

A complexa microbiota da placa dental pode conter alguns patógenos da cárie, os quais aumentam em número e proporção, quando sob pressões seletivas específicas.

Os patógenos principais envolvidos no processo de desenvolvimento inicial de lesões.

Há outras espécies, as quais, embora sejam capazes de iniciar a doença cárie, podem contribuir para a progressão de lesões estabelecidas.

Entretanto, estás última não são agentes causais da cárie, mas podem aumentar em proporção no biofilme, em decorrência dos patógenos principais.

As principais espécies envolvidas nestas duas etapas estão listadas abaixo:

Processo de início/estabelecimento de lesões de cárie
Estreptococos do grupo mutans, os quais incluem as espécies Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus, exclusivamente detectadas em humanos.

A espécie S. mutans é drasticamente a mais prevalente e a mais estudada.

A espécie S. sobrinus é a segunda espécie mais comum.

Outras espécies identificadas em animais, como a espéice S. rattus, também foram detectadas em humanos, porém em menor freqüência e restrita a algumas populações específicas.

Processo de progressão de lesões de cárie estabelecidas
Incluem Lactobacillus spp., e outros microrganismos capazes de sobreviver e proliferar em meios ácidos, como por exemplo, o fungo Candida albicans.

Geralmente, estes microrganismos são favorecidos pelas condições cario gênicas promovidas por estreptococos do grupo mutans.

Entretanto, a atuação de espécies do gênero Actinomyces como agente causal e/ou na progressão de lesões de cárie é ainda controversa.

Natureza Infecciosa

A natureza infecciosa transmissível da cárie dentária causada por estreptococcus do grupo mutans foi demonstrada através de experimentos em ratos e hamsters, realizados por pesquisadores americanos, Paul Keyes e Robert Fitzgerald, a partir dos anos 50.

Através destes estudos, estes pesquizadores demostraram que a cárie é de fato uma doença infecciosa, transmissível, causada por microrganismos descritos pela primeira vez em 1924, por Clarke, na Inglaterra os Streptococcus mutans.

Por causa das evidências de que S. mutans é o principal patógeno resposável pelo desenvolvimento da cárie dentária, esta é atualmente uma das espécies mais pesquisadas.

Uma cepa de S. mutans, isolada pelo grupo de pesquisador Page W. Caufield de uma criança americana com altos índices de cárie na Universidade do Alabama em 1982, foi selecionada para seqüenciamento de seu genoma.

A seqüência do genoma da cepa S. mutans UA159 foi publicada no ano de 2002, na revista científica Procedings of the Nature Academy of Science.

Os dados do genoma estão disponíveis para toda a comunidade científica no banco de dados público GenBank, sendo que qualquer pessoa pode acessá-lo através do site11, criado pelo governo americano.

Hoje, qualquer um de nós pode consultar o código genético desta espécie patogênica.

O genoma de S. mutans é organizado em um único código genético desta espécie patogênica.

O genoma de S. mutans é organizado em um único cromossomo circular que consiste de aproximadamente 2,03 milhões de pares de base (Mb).

Neste cromossomo, foi identificado um total de 1960 genes que codificam proteínas e 80 que codificam RNAs ribossômicos e RNAs transportadores.

Diversos estudos científicos têm sido realizados para analisar a participação de vários genes de S. mutans nas suas características de virulênci.


Fatores de virulência dos microrganismos cario gênicos
Os fatores de virulência podem ser definidos como as características que tornam um microrganismo patogênico.

Assim, o estudo dos fatores de virulência de bactérias cariogências tem contribuído para a compreensão dos mecanismos moleculares da patogenia da cárie.


Como posso saber se estou com cárie?

Apenas seu dentista pode dizer com certeza se você tem uma cárie ou não, porque as cáries se desenvolvem abaixo da superfície do dente, onde não podemos visualizá-las, quando existe uma cavidade exposta no dente é porque essa cárie já está avançada, pois essa cavidade só aparece quando uma boa quantidade de esmalte sobre a superfície do dente é destruída.

As cáries se desenvolvem com mais facilidade na linha da gengiva, no espaço entre os dentes e na superfície de mastigação dos dentes posteriores.

Independentemente de onde ocorram, a melhor maneira de identificá-las e tratá-las, antes que se tornem mais sérias, é visitando seu dentista regularmente.


Progressão e Sintomas

No início a cárie não causa dor porque só atinge o esmalte, que é a camada mais dura e menos sensível do dente.

O primeiro sinal da cárie são manchas esbranquiçadas ou amarronzadas, e se não tratada, a cárie pode avançar em direção à dentina, mais profunda e sensível à dor; posteriormente, avança até à região da polpa dentária, causando a inflamação do mesmo (pulpite) e intensa dor; caso não seja efetuado o tratamento adequado poderão surgir abscessos dentários ou condições mais graves como angina de Ludwig ou a trombose do seio cavernoso, que podem levar ao óbito se não tratado.


Dieta

Um grande número de estudos mostra que a dieta exerce um papel central no desenvolvimento da doença cárie. Observações em humanos, animais e laboratoriais mostraram claramente relação causal entre o consumo de carboidratos fermentáveis e o desenvolvimento de lesões cariosas.

Os fatores fundamentais que conduzem ao início e progressão das lesões cariosas foram, primeiramente elucidados por Miller (1890), quando reconheceu que a metabolização dos carboidratos por bactérias orais, com geração de produtos finais ácidos, se constituía no evento central do processo de desmineralização do dente.


Durante o século passado, o aumento da população ao explosivo incremento de lesões cariosas, doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes.

Essas doenças podem estar relacionadas à mudança no estilo de vida e nos hábitos tradicionais.

Os alimentos tradicionais foram substituídos por produtos processados e os nutrientes fornecedores de energia obtidos a partir de ingestões de carboidratos complexos foram substituídos por um maior consumo de proteínas, ácidos graxos saturados e carboidratos refinados.


Nas ultimas décadas tem-se observado um significante declínio da cárie em países industrializados.

Não está claro em que grau a diminuição do grau de prevalência de cárie nestes países e o aumento de prevalência desta doença em outros refletem mudanças nos hábitos alimentares.

O consumo de açúcar tem permanecido constante em vários países altamente industrializados durante as últimas décadas, sendo a diminuição da doença nestes países é atribuída ao uso de fluoretos nas suas várias formas, mais freqüentemente em dentifrícios.


Não obstante, há indicações de mudanças nos hábitos alimentares que poderiam ter alguma influência na prevalência de cárie. Desde a década de 70 houve grande declínio nos Estados Unidos na proporção de alimentos calóricos constituídos por sacarose e aumento proporcional na quantidade de adoçantes de milho ricos em frutose.

O consumo de adoçantes é uma realidade em muitos países. Tem aumentado o uso de alimentos com substitutos de açúcar, em especial dos refrigerantes e gomas de mascar.

Inversamente, sugere-se que o aumento da prevalência de cáries em algumas sociedades está ligado a mudanças mundiais na produção e consumo da sacarose (Tanzer, 1995).

Apesar da diminuição da prevalência de cárie nos países industrializados, ela continua sendo um problema de saúde pública na medida em que 95% da população apresenta esta doença, que é de alta prevalência também em países não industrializados.

Ela ainda é a maior responsável pela perda de peças dentárias em todas as idades, mais do que qualquer outra doença.


4- Prevenção:

•Escovar corretamente os dentes, massageando as gengivas, usando pastas dentais com flúor após as refeições (se tiver alergia ao flúor (rash), procure um creme dental com menos fluoreto, ou com outro tipo do composto, como o MFP ou o Fluoreto de Cálcio, ou ainda diminua a quantidade de creme.

•Use o fio dental após as refeições e principalmente antes de dormir.

•O fio dental remove os restos de comida e a placa bacteriana nos locais onde a escova não chega.

•Evitar o consumo freqüente de bebidas ou alimentos açucarados, principalmente aqueles que agridem os dentes, como os refrigerantes; se o consumo excessivo de açúcar não pode ser evitado, procurar fazê-lo logo após as refeições, escovando os dentes logo de imediato.

•Não escove os dentes logo após o consumo de refrigerantes, como os mesmos "retiram" o esmalte, a escovação pode acabar desgastando-o.

Espere pelo menos 15 minutos. (Cuidado! o pH da placa começa a cair após 5 minutos da ingestão de sacarose).

•Deve-se procurar o dentista ou o higienista oral pelo menos uma vez a cada 6 meses; este poderá detectar inícios de cáries e dar orientações quanto às técnicas de escovagem, uso de flúor, etc.


REFERÊNCIAS:

•Fonte: http://www.portaldosorriso.com/blog/06/01/2010/carie-dentaria-previna-se/-Acesso em 25/05/2012

http://odontolucianoamf.blogspot.com.br/2010/03/carie.html - Acesso em 26/05/2012

Imagem:Net

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