quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Criança Que Gagueja x Pais e Professores: Como Ajudar

Resumo
O sucesso no tratamento da gagueira infantil depende, em grande parte, das atitudes dos pais e professores. Neste artigo será abordado o papel do professor na identificação do problema, orientando sobre quando é o melhor momento para ajudar e, principalmente, como abordar o problema no convívio com a criança.

Texto
A gagueira infantil ainda é tema de muitas dúvidas por parte de pais e professores e, o que pode ser considerado ainda mais problemático, é que a gagueira ainda é tratada, erroneamente, como uma coisa normal, ou como um problema exclusivamente de fundo emocional, causado pelos pais, pelo nervosismo ou pela timidez.

Atualmente muitas pesquisas têm sido realizadas sobre as causas da gagueira, sendo que as teorias mais atuais apontam para uma causa multifatorial, onde os aspectos genéticos e de processamento cerebral apresentam tanta influência quanto os aspectos psicossociais no desenvolvimento desta patologia.

O avanço científico na área da gagueira faz com que, cada vez mais, seja necessária a intervenção de um profissional especializado e que, os famosos truques e dicas, bem como a "sabedoria popular" caiam progressivamente em desuso, dando espaço a técnicas elaboradas e efetivas.

Nessa perspectiva, o PROFESSOR é, sem dúvida uma pessoa chave na detecção imediata do problema e também uma pessoa de grande importância para o sucesso do tratamento, dando suporte à criança nas atividades escolares e na sua integração social.

Como e quando ajudar?

Buscar um profissional competente e especializado é o mais indicado para quando começamos a perceber que uma criança está apresentando muitas rupturas, tensões ou esforço ao falar.

Na idade pré-escolar os "erros" na fala ainda são bastante comuns e, até certo ponto, aceitáveis dentro do processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem.

Os mais relacionados à gagueira e que merecem atenção são as repetições de palavras, sílabas e sons, os prolongamentos de vogais e os bloqueios, principalmente quando acompanhados de esforço, movimentação facial ou corporal.

É comum crianças apresentarem estes comportamentos típicos da gagueira por apenas alguns meses e depois voltarem ao normal sem nenhuma intervenção.

Mas se dentro de seis meses não houver melhora pode ser um indicativo de que realmente seja um caso de gagueira.

Já na idade escolar as disfluências são sempre preocupantes e essas crianças precisam de ajuda especializada imediata. Sem essa ajuda a gagueira poderá realmente afetar seu desempenho na escola e seu bem-estar pessoal.

Algumas atitudes dos professores podem ajudar a criança disfluente a passar por esta fase de maneira mais harmoniosa.

Outras atitudes podem, de fato, ter impacto negativo como, por exemplo:

falar para a criança parar de gaguejar, pensar antes de falar, respirar, ter calma, começar a frase de novo, mudar seu tom de fala, sugerir que a criança evite as palavras difíceis, responder pela criança ou completar suas frases.

Além disso, demonstrar estar desconfortável, impaciente ou irritado com a forma da criança falar pode ser tão prejudicial como fingir que a disfluência não existe.

Ao invés disso, procure conversar com a criança em particular, explicando que você sabe que ela está apresentando dificuldade para falar, mas que você é seu professor, seu amigo e que a gagueira não lhe incomoda.

Diga que você quer que ela fale para saber o que ela sabe, o que ela aprendeu e o que quer aprender sobre os assuntos.

Conversando com a criança desta maneira ela saberá que você percebeu que ela gagueja, que aceita esse fato e que a aceita como ela é.

Incentive a participação da criança nos dias em que ela estiver mais fluente.

De vez em quando peça para a classe toda (e não apenas ela, para que não se sinta "especial") faça a leitura em dupla, em voz alta, pois lendo em uníssono provavelmente ela não irá gaguejar.

Quando for fazer perguntas à classe chame-a logo, para que a tensão não aumente. Sempre que possível reforce para a classe toda que TODOS terão o tempo que for necessário para responder.

Outra atitude muito benéfica é reduzir a própria velocidade de fala, fazendo pausas de maneira mais demarcada.

Mantenha um contato de olho natural e procure, sempre, prestar mais atenção ao conteúdo que está sendo dito do que à sua forma.

Estas são apenas algumas dicas de como ajudar uma criança com gagueira que devem ser utilizadas com bom senso e considerando as individualidades de cada caso.

Com uma participação positiva dos professores e com a cooperação da família teremos sempre um melhor prognóstico no tratamento das gagueiras infantis.


Texto:Fga.Daniela Veronica Zackiewicz

Daniela Veronica Zackiewicz é fonoaudióloga clínica da Unidade Avançada Einstein Alphaville, especialista em Saúde Coletiva e mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP.

Há 10 anos está envolvida com o atendimento clínico de adultos e crianças com gagueira e com a formação de profissionais através de palestras e cursos sobre o assunto.

É associada fundadora e presidente da Associação Brasileira de Gagueira (ABRA GAGUEIRA), cujo objetivo principal é melhorar a qualidade de vida das pessoas com gagueira, quer através de ações especializadas para esses indivíduos, quer através de ações educativas para a população em geral.


Perguntas e Respostas

Nome ou iniciais: Karla Gamba
Cidade/Estado: São Paulo/SP
Profissão: Bancária
Pessoa que gagueja?: Não
Familiar de pessoa que gagueja?: Sim
Postado em: 10/28/2007 9:19:30 PM

Pergunta: Dra. Daniela..como posso encontrar profissionais para o tratamento?

Tenho uma filha de 9 anos que apresenta gagueira.

Ja procurei fonos particulares mas o tratamento ficava muito caro e tratamentos publicos os horarios sao inviaveis.

Existem profissionais para o tratamento da gagueira que atendem planos de saude em SP?

Resposta:
Prezada Karla
Com certeza alguns profissionais especializados no tratamento da gagueira atendem certos planos de saúde.

Infelizmente não possuímos uma lista de profissionais para indicar.

Em São Paulo, você pode conseguir informações junto ao Conselho Regional de Fonoaudiologia www.fonosp.org.br

Além disso seria importante você conhecer as diferentes linhas de tratamento de gagueira para ver com qual você se identifica mais.

Acesse o primeiro fórum da ABRA GAGUEIRA para obter mais informações na página: http://www.abragagueira.org.br/forumonline.asp

Além disso, há alguns aspectos que os próprios pais podem verificar antes de iniciar uma terapia fonoaudiológica:

Número de pacientes com gagueira que o profissional já tratou, qual a linha de trabalho (embasamento teórico da prática clínica),

quais os objetivos principais da terapia,

quais os textos/livros sobre gagueira que o profissional indica para leitura ou quais se utiliza para embasar o tratamento,

quais os cursos, palestras, especialização,

mestrado que o fonoaudiólogo possui relacionados à gagueira.

Se ainda ssim, você não conseguir encontrar um fonoaudiólogo,
entre em contato com a associação para que possamos ajudá-la, no e-mail abragagueira@abragagueira.org.br

Um grande abraço

Daniela Veronica Zackiewicz

Fonte:http://www.abragagueira.org.br/paraprofessores_1.asp


Imagem:Net

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