Deglutir: É um ato relativamente simples que também utiliza espaços comuns ao ato de respirar. Objetivo principal é de levar o alimento para o tubo digestivo, além de limpar o tracto respiratório de resíduos. Envolve a coordenação de um grande número de músculos para levar o material da cavidade oral até o estômago, não permi-tindo a entrada de substâncias nas vias aéreas. Exige controle neuromotor, com a participação do córtex cerebral, do tronco cerebral e dos nervos encefálicos, tais com trigêmeo (V), facial (VII), glossofaríngeo (IX), vago (X), acessório (XI) e hipoglosso (XII).
Objetivos da deglutição: Permitir uma nutrição e hidratação adequada ao indivíduo, indispensáveis à manutenção da vida.
O ato de se alimentar além de satisfazer as necessidades de sobrevivência constitui também uma fonte de prazer, caracterizando muitas como um ato social e facilitador de interação entre as pessoas.
Fases da deglutição:
a) Fase oral preparatória: Consciente e voluntária: Apreensão de alimentos.
b) Fase oral propriamente dita: Consciente e voluntária: Posição do bolo alimentar sobre a língua e termina com sua ejeção para a faringe. Quando o alimento, liquido ou saliva mais o dorso da língua toca os pilares anteriores, desencadeia-se o reflexo da deglutição, acionado pelo IX par craniano, o glossofaríngeo. Esta fase dura menos de um segundo.
c) Fase faríngea: Consciente e in-voluntária. O bolo alimentar desencadeia uma série de reflexos. Há fechamento da nasofaringe pelo palato mole, evitando a passagem do alimento para cavidade nasal, a parede posterior anterioriza-se comprime o alimento contra o dorso da língua impedindo o seu retorno para a cavidade oral. Ocorre o fechamento da glote pala ação da epiglote protegendo a via aérea, a respiração é suspensa temporiamente, no mesmo mo-mento ocorre à suspensão do osso hióide e músculos supra-hioideos e por fim a aber-tura do músculo cricofaríngeo, o qual permite a passagem do bolo alimentar para o esôfago.
d) Fase Esofágica: Inconsciente e involuntária. Transferência do bolo alimentar do esôfago para o estômago por meio de movimentos peristálticos.
Distúrbios da deglutição:
Permanência do alimento na boca, regurgitação nasal, engasgos e tosse durante a alimentação e dor ao deglutir podem ser sinais de disfagia.
A definição mais comum para a disfagia é a dificuldade no trânsito do conteúdo oral (alimento, líquido, saliva) para o estômago. Pode atingir qualquer fase da deglutição desde a fase oral até a fase esofágica.
A disfagia é uma situação que prejudica crianças e adultos.
Os distúrbios da deglutição podem ser por:
Processos mecânicos decorrentes por patologias de cabeça e pescoço espe-cialmente os cânceres de via aérea digestiva superior, esôfago, trauma complexo com perda de substâncias de cavidade oral, estruturas da laringe, faringe, e esôfago superior.
Processos funcionais tais como refluxo gastro-intestinal e problemas digestivos.
Processos neurológicos: Estes podem ter origem por acidente vascular cerebral ou por trauma crânio encefálico. E estão tornando-se cada vez mais freqüentes e importante devido aos diferentes graus de morbidade.
Os distúrbios da deglutição são bastante freqüentes nos pacientes neurológicos e naqueles com doenças ou seqüela de cirurgia de cabeça e pescoço, sendo causa de importante morbidade e mortalidade. As alterações motoras e sensitivas da laringe, principalmente aquelas de origem neu-rológica, ainda não são bem conhecidas.
Com o envelhecimento ocorre diminuição gradativa da sensibilidade orofaríngea e laríngea, que pode ser potencializada por outras alterações neurológicas.
Nos adultos as etiologias da disfagia, além de patologias de cabeça e pescoço como o câncer e a repercussão do tratamento dessa neoplasia na cavidade oral, língua, laringe, faringe e esôfago, há uma outra etiologia importantíssima relacionada a doenças do sistema central e periférico que podem interferir em níveis variados da deglutição tais como esclerose amiotrófica lateral, miastenia gravis, polimiosites, doenças auto imunes, acidente vascular cerebral e trauma craniencefálico.
É importante ressaltar o acidente vascular cerebral, seja isquêmico ou hemorrágico, cuja incidência é elevada no nosso meio. Em conseqüência pode ter várias seqüelas; entre elas graus variados de disfagia Este quadro de disfagia pode acarretar nas pneumonias aspirativas debilitando e prejudicando a recuperação dos pacientes. As pneumonias aspirativas podem ter várias causas, porém, sua forte associação com disfagia torna o estudo do aparelho degluto fonador essencial para o diagnóstico e tratamento destas e outras graves complicações respiratórias. Assim sendo, quanto maior o número de dados obtidos sobre o funcionamento da laringe e do aparelho degluto fonador, maior a chance de compreensão dos mecanismos envolvidos na aspiração. O tratamento é de caráter multidisciplinar. Entre os exames mais utilizados são nasofibrolaringoscopia para o estudo da deglutição o qual deve seguir um protocolo rigoroso para o estudo das várias etapas da deglutição, além da videofluoroscopia pois ambos se complementam na avaliação não havendo diferenças significativas entre eles quando usados isoladamente.
Nas crianças, as causas mais freqüentes são prematuridade, anomalias craniofaciais, meningite, doenças pulmonares, distúrbios neurológicos (paralisia cerebral, síndromes), refluxo gastroesofágico e distúrbios funcionais digestivos.
Podemos verificar também a presença de outras causas de disfagia, tais com problemas de alterações psicológicas e a disfunção esofagiana.
É importante a integralização das várias especialidades envolvidas no problema de base do paciente, seja a cirurgia de cabeça e pescoço, otorrinolaringologia, neurocirurgia/neurologia, cirurgia buco-maxilo-facial, pneumologia, gastroenterologia, fonoaudiologia, oncologia, radioterapia, radiologia, pediatria, cirurgia pediátrica, fisioterapia, nutrição, entre outros.
Texto:Dra. Maria da Graça Caminha Vidal
Cirurgia de Cabeça e Pescoço / CRM 15.078
Fonte:http://
Nenhum comentário:
Postar um comentário