quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Relação do Fonoaudiólogo Com o Contexto Educacional

Inúmeras transformações ocorreram na educação brasileira nas últimas décadas, entre elas a construção de parcerias que favorecem o desenvolvimento do aluno para uma formação ampla como cidadão crítico e interventivo.

Frente às interfaces com a educação tem-se a “fonoaudiologia”, que na palavra possui em sua morfologia três significados: “fono” que significa som claro, forte e articulado, linguagem palavra e expressão; “áudio” que significa ouvir; e “logia” de origem grega, expressão, pensamento e discurso lógico.

E, de acordo com lei 6965/81, o fonoaudiólogo “é um profissional que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia na área da comunicação oral e escrita, voz, audição”.

Como vemos a Fonoaudiologia foi reconhecida como profissão na década de 80, no entanto, numa perspectiva histórica, Berberian (2000), que relatam que a fonoaudiologia possui interface com a educação desde as décadas de 1920, 1930 e 1940, momento em que ocorria o fervor das lutas de classes e, sobre os efeitos de um movimento nacionalista e desenvolvimentista buscava-se a homogeneização da língua.

Nessa época, havia uma preocupação com as impurezas da língua e as variações de dialetos e patologias na fala de crianças, o que estabeleceu uma atividade corretiva de voz e fala na área da Educação.

Já, na década de 70, a inserção do fonoaudiólogo no contexto educacional ficou mais evidente, no entanto ainda com o caráter clínico de intervenção, na década de 80 a reflexão frente à proposta de atuação na relação escola-fonoaudiologia se tornou mais intensa e, numa perspectiva mais contemporânea, o caminho direciona-se para um enfoque preventivo.

Nesse sentido, há uma tendência em estabelecer relações de parcerias entre fonoaudiólogo e instituição escolar que progrida com a dinâmica de trabalho conjunto, coletivo e participativo.

Assim, fonoaudiólogo e professor encontram-se frente a um campo fértil de articulações que envolvem aspectos do desenvolvimento de linguagem, fala e estilos comunicativos para criar e planejar situações favorecedoras e compatíveis com o contexto escolar vivenciado.

Na prática, Zorzi (2001) relata que os aspectos voltados à comunicação oral podem ser potencializados diante de objetivos comuns entre professores e fonoaudiólogos na criação de situações que favoreçam:

o uso adequado de estimuladores para desenvolver linguagem oral; a estimulação da criança em refletir sobre a linguagem e sobre como utilizá-la em diversos contextos; e o desenvolvimento de habilidades relacionadas à metalinguagem, como a consciência fonológica.

Assim, desenvolvendo a oralidade e as habilidades narrativas, como contar histórias, recontar, narrar fatos, torna-se uma das linhas mestras dessa relação.


Quanto à comunicação escrita, planejar projetos ou estratégias que favoreçam: as funções sociais da escrita; as estratégias que privilegiam a relação grafema-fonema;

a escolha da literatura a ser trabalhada;

o processo de evidenciar os aspectos da linguagem tais como:

pragmático, semântico, sintático, para explorar os textos em suas diversas vertentes; o trabalho de compreensão leitora como ponto reflexivo e questionador, além de desenvolver habilidades narrativas potencializadoras, envolvendo ortografia, coerência e coesão textual.

Ainda nesse contexto, outros aspectos são relevantes como:
promover orientações sistemáticas voltadas aos processos de atenção, concentração, memória auditiva, otimizando estratégias de percepção auditiva favorável ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita, além de criar condições para garantir o controle de ruído que venha a prejudicar os processos atencionais.

Há também os aspectos voltados à orientação sobre o uso adequado da voz do professor e criar condições coletivas ou individuais que evite o abuso vocal.

Percebe-se, portanto, que a interface da Fonoaudiologia com a Educação é vasta e o trabalho conjunto não se esgota em intenções que dinamizem a parceria duradoura do fonoaudiólogo com o educador na instituição educacional.

Assim, a fonoaudiologia poderá contribuir agregando valor à prática educacional do professor e, sobretudo, atuar em parceria com objetivos comuns, possibilitando assessoria, apoio, interação e contribuição de estratégias e práticas educacionais que favoreçam o processo de ensino-aprendizado.

Referências:

BERBERIAN, A.P. Fonoaudiologia e Educação: um encontro histórico. São Paulo: Summus, 2000.

ZORZI, J. L. Possibilidades de trabalho no âmbito escolar-educacional e nas alterações da escrita. In: GIROTO, C. R. Perspectivas atuais da fonoaudiologia na escola. São Paulo: Plexus, 2001. p.43-55.

Fonte:http://www.portaleducacao.com.br/fonoaudiologia

Imagem:Net

Nenhum comentário:

Postar um comentário